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Como foi a sessão de lançamento do 10º Relatório Mundial de Felicidade? O nosso Projeto esteve lá!

Foto do escritor: Jorge Humberto Dias Jorge Humberto Dias


O evento de lançamento do World Happiness Report 2022, pela Sustainable Development Solutions Network (SDSN), decorreu online no dia 18 de março, e reuniu participantes de todo o mundo.


O evento foi mediado pela Sharon Paculor.


Apesar de não ter sido feita referência neste webinar às posições ocupadas pelos países no Ranking, deixamos aqui a nota de que, pelo quinto ano consecutivo, a Finlândia ocupa o 1º lugar como o país mais feliz do mundo. A Dinamarca continua a ocupar o 2º lugar, a Islândia subiu do 4º lugar no ano passado para o 3º. A Suíça é a 4ª, seguida pela Holanda e Luxemburgo. Os dez primeiros são completados pela Suécia, Noruega, Israel e Nova Zelândia, nesta ordem.


Salientamos a subida de Portugal da 58ª para a 56ª posição.


“O Relatório Mundial da Felicidade 2022 revela uma luz brilhante em tempos sombrios. A pandemia trouxe, não apenas dor e sofrimento, mas também um aumento no apoio social e benevolência. À medida que lutamos contra os males da doença e da guerra, é essencial lembrar o desejo universal de felicidade e a capacidade dos indivíduos de se apoiarem mutuamente em momentos de grande necessidade.” (Introdução do WHR)


Na abertura do evento, Jeffrey Sachs, presidente da SDSN, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Earth Institute, e também um dos fundadores do Relatório, assinalou o 10º aniversário do WHR em 2022, referindo o crescente número de parcerias na realização do Relatório e a necessidade de colocar a felicidade no centro das nossas políticas globais, e isto é sentido mais global e profundamente do que nunca.


O WHR surgiu para fazer face às dificuldades globais que enfrentamos. O Butão foi uma inspiração, com a Felicidade Interna Bruta, tendo colaborado com as Nações Unidas, e contribuído para que os governos quisessem colocar a felicidade no centro da agenda de desenvolvimento sustentável. Jeffrey salientou ainda duas outras questões fundamentais do trabalho desenvolvido: o desenvolvimento das ciências sociais e do comportamento humano, com avanços na compreensão do bem-estar, e a liderança da Gallup na operacionalização deste conhecimento, submetendo um questionário mundial com diferentes medidas de felicidade, incluindo a avaliação da vida, que é a base do relatório.


Jon Clifton da Gallup World Poll, empresa de consultoria especializada em análise de dados, cujas avaliações de vida fornecem a base para os Rankings anuais de felicidade, explicou que, apesar de ser o 10º ano do relatório, é o 17º em que a Gallup conduz este projeto. Quando lhe perguntam porque o fazem, Jon responde que os especialistas tentam medir tudo, mas que ninguém andava a tentar medir sistematicamente como as pessoas se sentem. Stress, tristeza, dor física, preocupação e revolta, atingiram um valor recorde na história do WHR. A subida destes indicadores nos últimos 10 anos representa um problema massivo.


“Tentemos fazer um mundo melhor para aqueles que estão infelizes”.


Seguiu-se um painel de autores do Relatório, que contou com a presença de John Helliwell, Chris Barrington-Leigh, Hannah Metzler, Tim Lomas e Meike Bartels. John Helliwell (professor de economia na Universidade de British Columbia, e também editor do WHR), um dos autores do capítulo 2, referiu que todos os anos o Relatório traz surpresas. Em 2021, salientou-se o aumento da tristeza, preocupação e stress durante a pandemia. No lado positivo, o voluntariado, os donativos e a ajuda a estranhos. O ano passado houve um grande aumento nestas ações pró-sociais, especialmente na ajuda a estranhos. São mudanças muito grandes a nível mundial, que nos ajudam a explicar porque a avaliação global da vida não foi afetada e porque as emoções não foram assim tão afetadas quantitativamente quanto se esperava. As crises trazem, na maioria das pessoas, o melhor ao de cima. Sítios com maior nível de confiança, passaram melhor pelo COVID, e as pessoas ajudaram e sentiram-se ajudadas. Isto, tanto nas suas próprias atividades para ajudar, como nas atividades dos outros para com elas, como na interajuda entre vizinhos. Não foi a contínua resiliência em resposta ao COVID, porque essa estrutura alterou-se de um ano para o outro, mas sim a benevolência, que foi um dos fatores de suporte para isso. De uma forma geral, com impacto na saúde mental, uma evidência que importa explorar futuramente. John salientou ainda a importância de viver num ambiente de confiança elevada, que ajuda essencialmente quem vive em condições mais desfavoráveis. É necessário um foco global das condições de vida, que não seja só nas situações positivas e favoráveis. O COVID fez as pessoas reavaliar as suas vidas numa larga escala, porque as tirou das suas vidas regulares. Pô-las a pensar mais nas suas conexões sociais. O surgimento da benevolência é uma evidência disso. As pessoas estão a pensar de forma diferente sobre si próprias, sobre os outros, e sobre o seu lugar. Temos de espalhar benevolência pelo mundo.


O capítulo 3 foi apresentado por Chris Barrington-Leigh (economista investigador do McGill Institute for Health and Social Policy, Bieler School of Environment e McGill University), que explicou tratar-se de um capítulo sobre o quanto as pessoas estão a pensar na felicidade, no WHR e na ciência da felicidade. Desde 1995, a frequência de uso da palavra "felicidade" e as referências ao bem-estar subjetivo, duplicou nos livros impressos em sete línguas. O capítulo junta evidências de quatro fontes diferentes para perceber como conceções da sociedade sobre o progresso e o bem-estar estão a mudar, assim como o ponto de vista global dessa mudança. Essas fontes são os textos de todos os livros impressos (em sete línguas diferentes), títulos e resumos de todos os artigos de jornais de investigação, base de dados dos esforços para medir o progresso do bem-estar no mundo, e publicações dos governos centrais. O interesse na felicidade está a aumentar e isso é visível nas sete línguas. Em contrapartida, fala-se menos de Produto Interno Bruto. Este modo de pensar está a ser levado a sério, e está a ajudar as pessoas a pensarem, a estruturar esforços e a tomarem decisões. Cada vez mais governos estão a pensar fazer análises custo-benefício, usando a ciência da felicidade, e esta é uma direção muito promissora, mais centrada em melhorar a vida humana. Referiu ainda que a nossa experiência com os outros é muito importante para a forma como avaliamos a vida. Das evidências que temos existe uma consistência notável em todas as línguas (inglês, chinês, espanhol, francês, russo, alemão e italiano).


O capítulo 4, apresentado por Hannah Metzler (psicóloga, investigadora em comunicação e neurociência da Complexity Science Hub Viena, Universidade de Medicina de Viena e Universidade de Tecnologia de Graz), explica as alterações das emoções nas redes sociais, antes e durante o COVID-19. Foram analisadas quatro emoções na primeira fase de pandemia, a sua mudança e a correlação entre a sua expressão nas redes sociais e as respostas aos questionários. A maior mudança que se verificou foi no nível da expressão de ansiedade que se usa no twitter. Mediu-se a frequência e concluiu-se ter sido cerca de dois meses, quando o habitual é cerca de três dias. Esta emoção não esteve tão relacionada com o número de casos COVID, mas mais com as restrições impostas. Todas as pessoas tinham medo desta nova doença e todas estavam preocupadas com o que se estava a passar nas suas vidas pessoais. As pessoas são muito vulneráveis a notícias potencialmente falsas. Também se analisaram mudanças na tristeza e na revolta, não tendo sido tão consistentes como a ansiedade. Verificou-se um ligeiro aumento da tristeza, também relacionado com as restrições. Com a raiva foi o oposto, decrescendo, talvez porque houvesse menos oposição a que os seus governos fizessem alguma coisa. Foi importante perceber o tempo que estas emoções duraram, quando costumam ter um período muito mais curto no twitter. A investigadora ressalvou que esta metodologia ainda dá os primeiros passos, pelo que é importante continuar a aprofundar a análise destes dados.


O capítulo 5 foi apresentado por Meike Bartels (psicóloga, professora e investigadora em Genética e Bem-Estar, Vrije Universiteit Amsterdam), que referiu existir uma descoberta robusta de que 40% das diferenças entre a felicidade nas pessoas resulta das diferenças genéticas, o que deve ser levado em conta nas estratégias de prevenção e de intervenção, porque se trata de uma mensagem clara de que todas as pessoas são diferentes. Género e idade, por exemplo, não podem ser descurados. Analisaram também se o otimismo e o significado na vida mudaram em tempo de pandemia, tendo verificado um decréscimo da influência genética e um aumento da influência ambiental. O ambiente torna-se mais importante em tempos de crise.


Sobre o capítulo 6, Tim Lomas (investigador em Psicologia, Harvard T. H. Chan School of Public Health & Human Flourishing Program da Harvard University), considerou que a pesquisa sobre felicidade deve ser mais abrangente e global, uma vez que os termos de conceito e análise pode estar muito condicionados pela perspetiva do Ocidente, pelo que considera importante utilizar como denominador comum os conceitos “equilíbrio” e “harmonia”. Equilíbrio e harmonia, assim como noções interrelacionadas como a paz e a calma, são conceitos experienciados globalmente. O autor salientou as seguintes conclusões: a maioria das pessoas prefere uma vida calma, os países europeus lideram no equilíbrio, e as pessoas que experienciam equilíbrio na vida tendem a avaliar melhor a vida.


Lisboa, 20 de março de 2022 - Dia Mundial da Felicidade (ONU).


Maria Canoa e Patrícia Gameiro.


A gravação da sessão está disponível AQUI


Citação: Canoa, M. & Gameiro, P. (2022). Resumo da Sessão de Lançamento do 10º Relatório Mundial de Felicidade (ONU)" IN Dias, J. (2022). Perspetivas sobre a Felicidade. Contributos para Portugal no WHR (ONU) - https://filosofiaaplicada.wixsite.com/psobrefelicidade/post/como-foi-a-sess%C3%A3o-de-lan%C3%A7amento-do-10%C2%BA-relat%C3%B3rio-mundial-de-felicidade-o-nosso-projeto-esteve-l%C3%A1 (Acedido a 20/03/2022).





 
 
 

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