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Tese de doutoramento sobre a figura profissional do Filósofo nas Empresas foi aprovada na PUCRS



No dia 27 de março de 2024, pelas 9h (12h em Portugal), na PUCRS (Pontíficia Universidade Católica Portuguesa do Rio Grande do Sul), na cidade de Porto Alegre, foi aprovada a tese de doutoramento do candidato Guilherme Reolon de Oliveira.


O professor Jorge Humberto Dias foi um dos arguentes do Júri.


Dado que se trata de uma prova académica pública, estiveram presentes 15 pessoas: 5 professores no Júri, 1 candidato e 9 pessoas a assistir.


9 pessoas a assistir é, de facto, um aspeto pouco usual neste tipo de eventos. Talvez possa ser explicado pelo facto de ter sido online? Ou o facto do candidato ter divulgado nas suas redes sociais? Outra possibilidade é o interesse pelo tema...


O orientador foi o professor Nythamar Oliveira e os arguentes foram os professores Jorge Humberto Dias, Izete Bagolin, Augusto Amaral e Agemir Bavaresco.


Nesta publicação vamos apenas reproduzir a intervenção do professor Jorge Humberto Dias, docente de Responsabilidade Social Corporativa no Instituto Universitário Atlântica:


O professor Jorge Humberto Dias começou por dizer que o tema do Corporate Philosopher é um tema muito necessário para a nossa época. Referiu que existe alguma literatura científica já publicada sobre o tema. Dividiu a sua abordagem inicial em 2 aspetos: A necessidade de uma Filosofia Corporativa (que é um tema consensual) e a contratação de Filósofos Corporativos (que não é uma realidade). Coloca-se a questão: Como explicar esta realidade? Deverá a Filosofia Corporativa de uma Organização ser gerida por uma pessoa que não tem formação na área?


Posto isto, o professor referiu que este tema não está ainda muito desenvolvido na investigação.


Uma das razões explicativas pode estar no facto da organização profissional do filósofo ser lacunar. Considerando o Filósofo como uma profissão, os desafios são significativos. Há países/governos que não têm essa referência.


Como articular as saídas profissionais dos cursos de Filosofia com estes desafios?


Em relação ao sucesso de alguns Filósofos Corporativos, como por exemplo, Roger Steare, Luc de Brabandere, Lou Marinoff, Tom Morris, como poderemos explicar esse impacto? Será que as Organizações contratam um filósofo ou aquela pessoa específica devido ao ser prestígio e currículo?


Em relação a algumas dúvidas que o professor Jorge Humberto Dias teve ao ler a tese de doutoramento do candidato, foi referida a pertinência de colocar a psicanálise na equação, assim como a possibilidade de existirem efeitos terapêuticos no trabalho do Filósofo Corporativo. Em Portugal, as questões terapêuticas têm sido atribuídas à gestão dos psicólogos.


Posto isto, o professor Jorge Humberto Dias deu os parabéns ao candidato pela ligação que estabeleceu entre o trabalho do Filósofo Corporativo e as práticas de ESG, pois existem muitos conteúdos filosóficos nesse modelo de sustentabilidade, principalmente no S e no G, onde a ética e os direitos humanos podem ser trabalhados. Este aspeto ganha muito relevo num contexto em que a Comissão Europeia publicou um Diretiva em que obriga as Organizações a publicar anualmente Relatórios de Sustentabilidade. Esta realidade vai trazer um novo mercado, pois vão ser necessários profissionais habilitados, o que vai aqui novas oportunidades para o Filósofo Corporativo.


Retomando a ideia do famoso historiador Harari, que referiu o Filósofo como uma profissão de futuro, o professor Jorge Humberto Dias disse que esta realidade só será possível se houver um forte investimento dos filósofos na metodologia de investigação, desenvolvendo estudos qualitativos e quantitativos sobre questões filosóficas. Nesse âmbito, deu o exemplo do artigo científico que publicou, com o seu colega Tiago Pita, no Journal of the APPA, onde foi realizada uma avaliação qualitativa e quantitativa do trabalho do Consultor Filosófico com os clientes do Gabinete PROJECT@. Neste tópico, o professor fez referência ao trabalho da Filosofia Experimental e deixou a indicação para uma exploração futura.


Jorge Humberto Dias considera que as Organizações vão sentir cada vez mais necessidade de dar uma resposta adequada aos problemas filosóficos.


No final, o professor deixou um desafio ao candidato: Desenvolver, no futuro, um pós-Doutoramento sobre a criação de um modelo de filosofia corporativa, aplicando numa empresa e depois avaliando o seu impacto, tentando perceber se a qualidade desse trabalho aumenta quando realizado por um Filósofo. (Sabemos que existem outros profissionais a realizar trabalho filosófico nas empresas, como é o caso dos gestores, dos profissionais de RH e de Marketing)


Em relação à bibliografia, o professor Jorge Humberto Dias sugeriu algumas melhorias.


Outras sugestões deixadas: ver quantos profissionais se apresentam no LinkedIn como Corporate Philosopher (ou similar). Entrevistar esses profissionais e tentar recolher mais conhecimento sobre as suas práticas, dado que a literatura científica sobre o tema é ainda reduzida.


Uma referência foi deixada pelo professor: o trabalho de Gerald Ledford, publicado em 1995 com o título: "Realizing a Corporate Philosophy".


No futuro, medir o impacto social da Filosofia Corporativa.


Explorar as razões do surgimento da Singularity University e ver se tem alguma ligação com as questões de identidade e o desejável alinhamento entre pessoa e Organização.


Em relação ao Programa de Gestão da Felicidade, que o candidato explorou em 2 Organizações, o professor Jorge Humberto Dias disse que é essencial ao Filósofo Corporativo ter ferramentas de trabalho para oferecer às empresas. Nesse âmbito, referiu o Moral DNA de Roger Steare, disponível no website e que permite explorar 6 perfis diferentes de tomada de decisão.


O último comentário foi sobre Cultura Organizacional e a importância do tempo, onde o Filósofo Corporativo pode ter um importante papel, sobretudo em ambientes tóxicos. Peter Drucker já dizia que a cultura come estratégia ao pequeno-almoço...






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