Toda a série aborda temas filosóficos.
Mas neste artigo de hoje, gostaria de me referir ao episódio 9 da 1ª Temporada.
Para quem não conhece a história, Mel é uma enfermeira de carreira, que decidiu abandonar Los Angeles para ir trabalhar na única Clínica que existe em Virgin River. O argumento é mais complexo, mas não vou já retirar o prazer de ver o início da série.
Mas para que perceba a minha reflexão de hoje, preciso de dizer algo mais: Jack é o dono do Bar mais famoso de Virgin River.
Mel e Jack foram jantar fora a outra cidade. Durante a conversa, Mel partilha com Jack que viu um livro do Filósofo Kierkegaard na mesa de cabeceira do quarto de Jack e que gostou muito de ter a disciplina de Filosofia na Licenciatura em Enfermagem.
"É um Filósofo rebelde!" - disse Mel.
Jack também partilha com Mel porque gosta de Kierkegaard. Refere-se à ideia de não ser possível adivinhar como vai ser a vida no futuro. Será que Jack é um defensor do Libertismo?
É neste momento que começa o célebre debate sobre o livre arbítrio, que costuma ser explorado no Módulo de Metafísica na disciplina de Filosofia no 10º ano do ensino secundário em Portugal.
Mel parece estar mais virada para a existência de um destino. Será que é uma defensora do Determinismo Radical?
Numa tentativa de tentar convencer Mel, Jack explora o momento que estão a viver no restaurante, dizendo que não estava destinado. Até poderia não ter acontecido.
"Escolhi estar aqui!" - disse Jack.
"Gosto que coloques assim a questão." - admite Mel, com um olhar mais romântico.
No entanto, Mel dá continuidade ao debate, e utiliza outra situação. Refere-se à sua ida para Virgin River. Ela reconhece que foi uma escolha sua. Mas o momento em que viu o anúncio de emprego no Jornal, Mel considera que foi o destino. Portanto, parece que Mel é, afinal, uma Determinista Moderada.
Jack está a gostar do debate e pergunta a Mel: Ver o anúncio no Jornal foi destino ou coincidência? Mel diz que foi "um feliz acaso". Desta vez, é Jack a admitir que gostou da resposta de Mel.
E assim termina o debate filosófico, com ambos a admitirem que foi bom ter acontecido o seu encontro nesta vida, independentemente de ter sido obra do destino ou das escolhas livres.
Olham à sua volta e já não está ninguém no restaurante. Foi um autêntico flow filosófico. E quando assim é, parece que o amor faz desaparecer o tempo.
Lisboa, 21 de julho de 2021.
Jorge Humberto Dias.