Jorge Humberto Dias apresenta obra do escritor Filipe Calhau na Feira do Livro de Lisboa
- Gabinete PROJECT@

- 26 de jun.
- 5 min de leitura

Ao longo da sessão de apresentação, a Praça Azul enchia cada vez mais...
O tema parecia interessar a quem passava por perto!

Colocamos aqui o texto que Jorge Humberto Dias escreveu:
Boa tarde a todos e a todas. É um enorme prazer estar aqui convosco, na Feira do Livro de Lisboa, para apresentar uma obra que — mais do que um livro — é um verdadeiro convite à transformação do nosso modo de pensar. O Dr Filipe Calhau continua a convidar-me para apresentar os seus livros. Penso que esta é a 3ª vez… Espero que isso não esteja a contribuir para diminuir as vendas…
O título é provocador: "O sujeito intelectual ideal. Manual para desenvolver brio no ato de pensar".
E quem é o autor?
Vou partilhar convosco a minha versão, que não está na internet…
Conheci o Filipe Calhau em 2017/8, talvez. Confirma Dr. Filipe? 😊
A nossa primeira colaboração foi no projeto de investigação “Perspetivas sobre a Felicidade. Contributos para Portugal no WHR (ONU)” e que ainda se mantém até hoje…
Tivemos também uma ligeira passagem pela Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico.
O Dr Filipe Calhau é um filósofo independente, que tem feito o seu caminho com coragem e empreendedorismo, tendo criado um canal de Youtube (808 seguidores) e onde podem encontrar 743 vídeos. A sua página de Facebook tem mais de mil seguidores. No Linkedin, que é a rede social que mais aprecio, o Dr Filipe tem 1378 seguidores.
Livros são já muitos e não vou citá-los para não distrair os seus fans, pois o objetivo hoje é focarmos no livro que está a ser apresentado.
No website do Dr Filipe podem encontrar cursos sobre os seus livros. Pode ser uma excelente ideia, caso pretendam aprofundar um pouco mais as ideias…
Como sou um filósofo do futuro, gosto sempre de pensar no próximo projeto das pessoas. Que inovação o Dr Filipe vai fazer a seguir?
Num tempo em que somos bombardeados por informação, opiniões rápidas e certezas absolutas… Pensar — verdadeiramente pensar — tornou-se um ato de coragem.
E é precisamente essa coragem que este livro nos convida a cultivar.
Filipe Calhau oferece-nos um percurso exigente, mas profundamente necessário: o de nos tornarmos sujeitos intelectuais conscientes, éticos, criativos. Não no sentido elitista do termo, mas como cidadãos que se recusam a viver no piloto automático. Que escolhem a lucidez em vez da indiferença. A reflexão em vez da repetição.
Com uma escrita clara, acessível e profundamente humana, o autor guia-nos por temas como: a autonomia do pensamento, a importância da dúvida, a ética intelectual e o papel do conhecimento na construção de uma sociedade mais justa.
Este livro é um apelo à responsabilidade. Porque pensar não é um luxo. É uma necessidade. E, talvez mais do que nunca, um dever.
Num mundo onde a desinformação, a polarização e a superficialidade ameaçam o diálogo e a convivência, esta obra surge como um farol. Um lembrete de que o pensamento crítico é uma forma de resistência. E que resistir, hoje, é um ato de amor.
E talvez alguém aqui se pergunte: “Mas em que é que a filosofia pode ser útil?”
Vivemos numa época que valoriza o imediato, o prático, o mensurável. E a filosofia, com os seus silêncios, as suas perguntas abertas, os seus caminhos sem atalhos, parece — à primeira vista — deslocada.
Mas é precisamente aí que reside a sua força.
A filosofia não nos dá respostas prontas. Dá-nos algo mais valioso: a capacidade de fazer as perguntas certas. De desconfiar do óbvio. De pensar com rigor, com profundidade, com liberdade.
Num mundo onde tudo nos empurra para pensar depressa, a filosofia ensina-nos a pensar bem. E isso é útil — não só na academia, mas na vida. Nas decisões que tomamos, nas relações que construímos, na forma como habitamos o mundo.
A filosofia é útil porque nos humaniza. Porque nos lembra que pensar é um ato de cuidado — connosco, com os outros, com o futuro.
Vamos explorar 2 exemplos…
1: Aconselhamento filosófico individual
Imaginem uma pessoa que se sente perdida, sem direção, com dúvidas existenciais sobre o sentido da vida, o valor do seu trabalho ou as suas escolhas pessoais.
A filosofia, neste contexto, não oferece soluções mágicas. Mas ajuda a clarificar ideias, a identificar contradições, a explorar diferentes perspetivas. Guiada por autores como Sócrates, Aristóteles, Séneca, Descartes, Kant, Heidegger, Stuart Mill ou Rawls, a pessoa aprende a construir um sentido mais autêntico para a sua vida.
Hoje os consultores filosóficos utilizam métodos para ajudar os seus clientes a pensar melhor e a aplicar essa qualidade à sua vida.
2: Consultoria filosófica em empresas
Uma empresa enfrenta dilemas éticos ou conflitos internos sobre liderança, propósito ou cultura.
A filosofia entra aqui como ferramenta de reflexão crítica. Ajuda a alinhar valores com práticas, a promover o pensamento ético, a cultivar uma cultura de diálogo e de questionamento construtivo.
Resultado: uma organização mais consciente, mais ética, mais coerente — e, por isso, mais humana.
Um excelente exemplo de empresa que aplicou filosofia na sua gestão com sucesso é a Toyota, através da implementação do Toyota Production System (TPS) — também conhecido como Toyota Way.
Toyota e a Filosofia Lean
A Toyota desenvolveu uma filosofia de gestão baseada em princípios filosóficos como:
Respeito pelas pessoas
Melhoria contínua (Kaizen)
Eliminação do desperdício
Pensamento sistémico e a longo prazo
Estes princípios não são apenas operacionais — são profundamente filosóficos, pois envolvem uma visão ética do trabalho, da responsabilidade social e da relação entre o ser humano e a tecnologia.
A Toyota tornou-se uma das empresas mais eficientes e inovadoras do mundo, com uma cultura organizacional que valoriza o pensamento crítico, a aprendizagem constante e o respeito mútuo.
Um outro excelente exemplo de sucesso, mas impulsionado pela criatividade filosófica é o da Airbnb.
Quando os fundadores da Airbnb criaram a plataforma, não estavam apenas a lançar um novo modelo de negócio — estavam a questionar uma ideia profundamente enraizada: o que significa “hospedar” alguém?
Inspirados por valores como confiança, partilha, comunidade e autenticidade, eles desafiaram o modelo tradicional da indústria hoteleira. A proposta era simples, mas radical: permitir que pessoas comuns abrissem as portas das suas casas a viajantes do mundo inteiro.
Essa ideia tem raízes filosóficas claras:
Hospitalidade como valor ético (inspirado em pensadores como Derrida e Levinas);
Confiança entre estranhos como base para novas formas de convivência;
Descentralização da autoridade — uma crítica implícita às estruturas tradicionais de poder e controlo.
Por fim, a Netflix, que é um excelente exemplo de como a criatividade filosófica pode levar ao sucesso — tanto na forma como pensa o seu modelo de negócio, como na curadoria e na produção de conteúdos que desafiam o pensamento convencional.
A Netflix tem um modelo de negócio disruptivo e baseado numa visão crítica do consumo. A Netflix começou por questionar o modelo tradicional de consumo de entretenimento — baseado em horários fixos, publicidade e propriedade física (como as antigas cassetes e DVDs). A sua proposta era simples em 1997, mas em 2007 tornou-se filosoficamente ousada:
E se o entretenimento fosse acessível, personalizado e livre de interrupções? Essa visão implicava uma nova forma de pensar o tempo, a liberdade de escolha e a experiência do espetador — conceitos com raízes filosóficas profundas.
Em relação aos conteúdos, a Netflix também investiu em séries e filmes que abordam diretamente questões filosóficas. Por exemplo, The Midnight Gospel, que mistura animação psicadélica com entrevistas filosóficas sobre morte, espiritualidade, sofrimento e consciência. Love, Death & Robots, que levanta questões sobre inteligência artificial, ética, identidade e o futuro da humanidade; Filmes influenciados por Kant, como A Chegada ou Blade Runner 2049, que exploram o tempo, a moralidade e a autonomia.
Portanto, e para terminar a minha apresentação, convido-vos a conhecer este livro do Dr Filipe Ferro Calhau. A lerem-no com tempo, com atenção, com abertura. E, acima de tudo, a deixarem-se transformar por ele.
Porque, como nos lembra o autor, pensar é resistir, é criar, é viver com mais verdade.
Muito obrigado pela vossa atenção.
Feira do livro de Lisboa, 22 de junho de 2025
Jorge Humberto Dias
Gravação disponível no Youtube:



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