Jorge Humberto Dias
4 de abr de 20233 min
A UNESCO celebrou no passado dia 20 de Março de 2023 (Dia Mundial da Felicidade) através de um Webinar Internacional sob o tema “Happy to Learn: Why the World needs Happy Schools”. O Webinar contou com a presença, entre outros, de representantes da OCDE, Comissão Europeia, Programa Happy Schools de Portugal, Vietnam e Iémen, etc.
Durante o Webinar foram apresentados vários estudos e perspetivas de especialistas sobre a necessidade e os benefícios da existência de Happy Schools.
Gostaria de salientar a apresentação do Professor Gregoire Brost - professor de psicologia de desenvolvimento e neurociência cognitiva da Universidade de Paris – com uma apresentação muito interessante sobre a relação entre a felicidade e o desenvolvimento da aprendizagem.
Desta apresentação, realço a capacidade plástica do cérebro, em virtude da aprendizagem, bem como a relação entre a gestão das emoções e as conquistas académicas, nomeadamente na disciplina da matemática. Alunos com os mesmos resultados, mas com mais stress e ansiedade, têm necessidade de ativar mais áreas cognitivas do cérebro. Adicionalmente, alunos que tenham ansiedade em termos gerais, têm maior probabilidade de ter ansiedade matemática e, consequentemente, os resultados não são tão bons na disciplina.
O Kuwait foi representado pela Princesa Sheikha Intisar Salem Al Ali AlSabah - fundadora da Iniciativa Positiva - que partilhou os resultados da aplicação da Psicologia Positiva num Projeto nas Escolas Públicas, com o objetivo de formar os professores e fazê-los sentir diretamente em si, os efeitos positivos da iniciativa e transmiti-los para os seus alunos.
Antes da pandemia, este projeto foi implementado em 45 escolas, formados 600 professores e beneficiados 17.000 alunos.
Verificou-se que em 6 semanas houve uma melhoria entre 4% a 7% na forma como passaram a encarar a vida. Por outro lado, houve uma taxa de 91% de sucesso das escolas que aplicaram a Psicologia Positiva através dos professores. Os alunos desenvolveram-se não apenas academicamente, mas verificou-se um decréscimo de 30% de absentismo dos alunos e menos 50% por parte dos professores, bem como uma redução em 50% do bullying.
Por último, o Programa de Happy Schools, onde Portugal foi o primeiro país a partilhar o seu projeto, através do Professor Jorge Humberto Dias.
O projecto Happy Schools em Portugal iniciou-se em 2019 com o convite endereçado ao Professor Jorge Humberto Dias pelo Ministério da Educação, para fazer uma apresentação sob o tema Estudos sobre Felicidade no âmbito do projeto “Perspectivas da Felicidade – Contributos para Portugal no World Happiness Report (ONU)”.
Desde então foram lecionados 5 cursos de 25h cada, de nível I, com exercícios práticos e criação de planos de intervenção. O Modelo Happy Schools da UNESCO é utilizado como base e complementado com estudos de vários autores e adaptado à realidade portuguesa.
Neste sentido, foram desenvolvidas várias colaborações, nomeadamente uma Rede Informal de Happy Schools, parcerias com entidades diversas interessadas no tema, duas conferências nacionais, tendo já sido lançadas também duas publicações sobre o tema “Perspetivas sobre a Felicidade”. Por fim, o Projeto Happy Schools também se candidatou entretanto a um prémio da UNESCO.
Num futuro próximo, está previsto o desenvolvimento do nível II do curso Happy Schools, assim como a criação do Selo Happy Schools.
É de louvar que projetos como o Programa Happy Schools sejam desenvolvidos e acarinhados em países tão díspares do mundo. Verifica-se também que os resultados, independentemente da sua aplicação geográfica, são muitíssimo positivos, tanto para professores como para alunos.
Conclui-se assim que a comunidade escolar e a sociedade em geral são claramente beneficiados, em todos os aspetos, pela aplicação de tais metodologias. Assim, elogia-se o trabalho feito por todos estes países, em especial por Portugal e pela equipa liderada pelo Professor Jorge Humberto Dias, com a esperança de que este projeto seja disseminado a nível nacional, para benefício das gerações vindouras.
Porto, 3 de abril de 2023.
Beatriz Madureira
Investigadora do Projeto